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Missa do Domingo de Ramos na Praça de São Pedro, no Vaticano. (Foto: Yara Nardi) Missa do Domingo de Ramos na Praça de São Pedro, no Vaticano. (Foto: Yara Nardi) 

A Esperança como tema central da fé cristã

"Na existência cristã, a fé ocupa o primeiro lugar, mas o primado pertence à esperança. Sem o conhecimento de Cristo que se possui graças à fé, a esperança se converteria em utopia suspensa no ar. No entanto, sem a esperança, a fé esmorece e torna-se tíbia e morta. Por meio da fé, o homem encontra o caminho da vida autêntica, mas somente a esperança pode mantê-lo em tal caminho."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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“A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo» (Catecismo da Igreja Católica, n. 1817)”

A fé é a base da esperança. No seu sentido próprio, "ter esperança" significa olhar para frente. A expressão "fé" significa ter uma confiança forte. Quando minha esperança é baseada nas promessas de Deus, então minha esperança e a minha certeza baseiam-se na Pessoa que me deu essas promessas.

No início desta Semana Santa, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe a reflexão "A Esperança como tema central da fé cristã":

 

"O tema da esperança ocupa, na reflexão teológica atual, lugar de grande transcendência em virtude da revalorização da dimensão escatológica da mensagem cristã que ocorreu nos últimos anos. O Concílio Vaticano II deu um sentido novo ao tema da Escatologia, não simplesmente como realidade transcendente, mas que tem implicações e mudanças no modo de viver de cada um de nós. Diz assim a Constituição sobre a Igreja, a Lumen Gentium, quando aponta a Índole Escatológica da Igreja Peregrina e sua união com a Igreja Celeste: “A prometida restauração que esperamos, já começou, pois, em Cristo, progride com a missão do Espírito Santo e, por Ele, continua na Igreja; nesta, a fé ensina-nos o sentido da nossa vida temporal, enquanto, na esperança dos bens futuros, levamos a cabo a missão que o Pai nos confiou no mundo e trabalhamos na nossa salvação (cfr. Fil. 2,12).” (LG, 48). A fé nos ensina “o sentido da nossa vida temporal” para levar “a cabo a missão que o Pai nos confiou no mundo e trabalhamos para a nossa salvação”.

O interesse da pesquisa teológica pela temática da Esperança orienta-se primeiramente para a interpretação do futuro do homem e da história. A elaboração de uma “Teologia da Esperança” ou uma “espiritualidade da Esperança” volte a encontrar o lugar que lhe compete pressupõe o correto discernimento sobre o modo como hoje o homem se compreende a si mesmo. Trata-se, pois, de perguntar-se que relação existe entre a condição humana e a esperança, a fim de saber se ela é elemento marginal para o homem ou se, pelo contrário, está profundamente enraizada em sua experiência existencial e histórica.

O teólogo Jürgen Moltmann é autor de mais de 40 livros, incluindo sua famosa trilogia Teologia da Esperança (1964), O Deus Crucificado (1972) e A Igreja no Poder do Espírito (1975) e uma série posterior de “contribuições sistemáticas”. Na Teologia da Esperança, Moltmann começou a expor sua escatologia do “Reino de Deus”, baseada na esperança na ressurreição, mas mais focada no aqui e agora do que em qualquer julgamento final ou individual. Ele também rejeitou qualquer noção de que o Cristianismo pudesse ser reduzido à busca pessoal de um indivíduo para alcançar a salvação. “Se a esperança cristã for reduzida à salvação da alma num céu para além da morte, ela perde o seu poder de renovar a vida e mudar o mundo, e a sua chama é apagada”. Moltmann é o teólogo da esperança, entendida de forma receptiva e ativa, como expressão de uma Palavra de Deus (que é promessa de futuro) e como princípio impulsionador de uma palavra humana, que deve se expressar como protesto contra o que existe e como impulso de perdão e reconciliação futura. Moltmann escrevia, no seu livro Teologia da Esperança, assim: “Em sua integridade, e não como que em apêndice, o Cristianismo é escatologia; é esperança, olhar e orientação voltados para frente, e é também, por isso mesmo, abertura e transformação do presente. O escatológico não é algo situado ao lado do cristianismo, mas constitui, simplesmente, o centro da fé cristã, o tom com que harmoniza tudo nela, a cor de aurora de um novo dia esperado, cor com que, aqui embaixo, tudo se acha banhado... Uma teologia autêntica deveria ser concebida, portanto, a partir de sua meta no futuro. A escatologia deveria ser não o ponto final da teologia, mas seu começo”[1].

Na existência cristã, a fé ocupa o primeiro lugar, mas o primado pertence à esperança. Sem o conhecimento de Cristo que se possui graças à fé, a esperança se converteria em utopia suspensa no ar. No entanto, sem a esperança, a fé esmorece e torna-se tíbia e morta. Por meio da fé, o homem encontra o caminho da vida autêntica, mas somente a esperança pode mantê-lo em tal caminho. Por isso, a fé em Cristo – e em Cristo Ressuscitado - faz que a esperança se transforme em certeza e a esperança confere amplo horizonte à fé, levando à vida. A esperança é, portanto, a verdadeira dimensão da fé; é o caminhar da fé para o seu objeto, ou seja, Deus Senhor do Futuro, O nome bíblico “Iahweh” vem interpretado por Martim Buber com as seguintes palavras: “Eu estarei presente como aquele que estará presente”[2].

Por isso, a fé e a esperança não podem justapor-se como se a fé se referisse ao que já aconteceu, ao passo que a esperança olhasse exclusivamente para o futuro. Tanto o presente quanto o futuro de Cristo o fundamentam a fé e a esperança na imanência recíproca de ambos. A fé lembra a verdade da Ressurreição de Cristo como acontecimento criador de futuro, mas que redimensiona o presente. A esperança, por sua vez, alimenta a tendência para o futuro, baseando-se na realidade do que já aconteceu. “Pelo fato de abrir o futuro, a esperança prevalece sobre todas as outras manifestações vitais do homem. Influi em seu modo de pensar, de conhecer e de viver. O ainda-não ser subjetivo e objetivo, isto é, o possível se converte em fundamento último da realidade que impele o homem para o novum últimum, que não é outra coisa senão o futuro do homem escondido e do mundo escondido”[3].

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
_______________

[1] MOLTMANN, J. Teologia da esperança, Herber, São Paulo, 1971.
[2] BUBER, M. Moses, Oxford, 1947, 51s.
[3] PIANA, G. Dicionário de Espiritualidade, Vocabulário “ESPERANÇA”, Paulinas, SP, 1989, p.334-335.

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