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Santa Bakhita Santa Bakhita 

Alguns Personagens atuais de Esperança

"Chegar a conhecer Deus, o verdadeiro Deus: isto significa receber esperança. A nós, que desde sempre convivemos com o conceito cristão de Deus e a ele nos habituamos, a posse duma tal esperança que provém do encontro real com este Deus quase nos passa despercebida. O exemplo de uma santa da nossa época pode, de certo modo, ajudar-nos a entender o que significa encontrar pela primeira vez e realmente este Deus."

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

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Na Catequese da Audiência Geral de 29 de março de 2017, o Papa explicava que na Carta aos Romanos, São Paulo “leva-nos a compreender que para nós Abraão é pai na esperança; não apenas pai da fé, mas pai na esperança”, pois «esperando contra toda a esperança, teve fé» (Rm 4, 18).  E como filhos de Abraaão, também nós somos chamados a viver essa experiência.

Em sua reflexão, Pe. Gerson Schmdit* nos propõe “Alguns Personagens atuais de Esperança”:

“O próprio Concilio Vaticano II trouxe uma nova perspectiva e esperança à Igreja. Já não era mais uma Igreja reunida em Concilio para condenar ou se defender dos ataques doutrinários, mas uma Igreja para se dedicar à sua missão altamente positiva e de pastoreio. Novos ares de esperança deveriam entrar nas janelas e portas abertas pelo Concílio, como sonhou o Papa São João XXIII, ou seja, um arejamento, um aggiornamento – palavra italiana que significa “atualização”.

Papa Francisco na obra "A esperança é uma luz na noite" – livro lançado recentemente - fala que a Esperança é um dom e uma tarefa. Aponta assim Francisco: “Eu disse que esperar é um dom de Deus e uma tarefa para os cristãos. E viver a esperança requer um “misticismo de olhos abertos”, como o grande teólogo Joseph-Baptist Metz a chamava: saber notar, em toda parte, atestados de esperança, o agir do possível no impossível, a graça onde poderia parecer que o pecado tenha corroído toda a confiança”. E o Papa fala de um encontro que teve com duas pessoas de esperança: “Há algum tempo, narra Bergoglio - tive a oportunidade de dialogar com duas testemunhas excepcionais de esperança, dois pais: um israelense, Rami, e um palestino, Bassam. Ambos perderam suas filhas no conflito que ensanguenta a Terra Santa há muitas décadas. No entanto, em nome da dor deles, do sofrimento que sentiram com a morte das duas filhas pequenas - Smadar e Abir - eles se tornaram amigos, na verdade, irmãos: vivem o perdão e a reconciliação como um gesto concreto, profético e autêntico. Conhecê-los me deu muita, muita esperança. A amizade e fraternidade deles me ensinaram que o ódio, concretamente, pode não ter a última palavra. A reconciliação que eles experimentam como indivíduos, profecia de uma reconciliação maior e mais ampla, constitui um sinal invencível de esperança. E a esperança nos abre a horizontes impensáveis”.

O Papa Bento XVI, na Encíclica Spe Salvi, também apresenta uma personagem de Esperança. Trata-se de Santa Bakhita, uma escrava que se tornou santa. Comenta assim Bento XVI, na encíclica dedicada à essa segunda virtude teologal, tema central do Ano Jubilar: “Porém, agora coloca-se a questão: em que consiste esta esperança que, enquanto esperança, é «redenção»? Pois bem, o núcleo da resposta encontra-se no trecho da Carta aos Efésios: os Efésios, antes do encontro com Cristo, estavam sem esperança, porque estavam «sem Deus no mundo». Chegar a conhecer Deus, o verdadeiro Deus: isto significa receber esperança. A nós, que desde sempre convivemos com o conceito cristão de Deus e a ele nos habituamos, a posse duma tal esperança que provém do encontro real com este Deus quase nos passa despercebida. O exemplo de uma santa da nossa época pode, de certo modo, ajudar-nos a entender o que significa encontrar pela primeira vez e realmente este Deus. Refiro-me a Josefina Bakhita, uma africana canonizada pelo Papa João Paulo II”. O papa na Encíclica conta a história da escrava e de todos os maus tratos sofridos por ela diante dos seus cruéis patrões. Finalmente, a escrava Bakhita tinha encontrado um patrão bom, um cristão, que a tratava como ser humano, com dignidade numa perspectiva cristã.

E o Papa Bento descreve assim, na sequência de número 3 da encíclica: “Depois de «patrões» tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita acabou por conhecer um « patrão » totalmente diferente – no dialeto veneziano que agora tinha aprendido, chamava «paron» ao Deus vivo, ao Deus de Jesus Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia dizer que existe um «paron» acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e precisamente pelo «Paron» supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela « à direita de Deus Pai». Agora ela tinha « esperança »; já não aquela pequena esperança de achar patrões menos cruéis, mas a grande esperança: eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor. Assim a minha vida é boa. Mediante o conhecimento desta esperança, ela estava «redimida», já não se sentia escrava, mas uma livre filha de Deus. Entendia aquilo que Paulo queria dizer quando lembrava aos Efésios que, antes, estavam sem esperança e sem Deus no mundo: sem esperança porque sem Deus. Por isso, quando quiseram levá-la de novo para o Sudão, Bakhita negou-se; não estava disposta a deixar-se separar novamente do seu «Paron». A 9 de Janeiro de 1890, foi batizada e crismada e recebeu a Sagrada Comunhão das mãos do Patriarca de Veneza. A 8 de Dezembro de 1896, em Verona, pronunciou os votos na Congregação das Irmãs Canossianas e desde então, a par dos serviços na sacristia e na portaria do convento, em várias viagens pela Itália procurou sobretudo incitar à missão: a libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível de pessoas. A esperança, que nascera para ela e a «redimira», não podia guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos”.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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