A juventude luzeira da Esperança
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco, com os gestos e palavras, é uma testemunha da esperança, entendida como “ação espiritual de quem não se rende à noite do mal no mundo”. Ou seja, em meio à escuridão que parece por vezes preponderar em vários cenários, “vislumbra-se uma luz”. Assim, aquele que vive da esperança, colabora com Deus para “fazer novas todas as coisas”.
E “a esperança – disse em sua catequese de 8 de maio de 2024 - é a virtude de quem é jovem de coração; e nisto, a idade não conta”.
Com essas breves palavras do Santo Padre, introduzimos a reflexão do Pe. Gerson Schmidt* intitulada “A juventude luzeira da Esperança”:
“O Santo Padre recentemente escolheu o tema do V Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que neste ano será celebrado domingo, dia 27 de julho: “Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança” (cf. Eclo 14,2). Estas palavras, tiradas do livro do Eclesiástico, expressam a felicidade dos idosos e apontam para esperança no Senhor como o caminho para uma velhice cristã e reconciliada, numa eterna juventude.
O Papa Francisco é um arauto da esperança e que desde o início de seu Pontificado tem pregado sobre esse tema, que é tão especial, rico e central nesse Ano Santo Jubilar. Na jornada do Rio de Janeiro, no Brasil, em 2013, o Papa já falava muitas vezes das três virtudes teologais, pedindo aos jovens para conservar sobretudo a esperança. A uma juventude desesperançada, que se confronta diariamente com uma sociedade sem ideais, sem trabalho, sem horizontes, o Papa propunha à Igreja do Brasil, e sobretudo aos jovens, não abrir mão da esperança. Não deixar que a esperança morra em seus corações e que seus horizontes esbarrem nos limites mortais do imediatismo injusto e consumista que só traz a morte e não a vida.
Francisco reafirmava que a esperança tem fundamento e sentido e exemplifica com o texto do Apocalipse, que mostra que, apesar de todas as ameaças e dragões da maldade, Deus não deixa perecer seus filhos. E insiste em “conservar a esperança”. A segunda leitura da Missa – presidida pelo Papa naquela JMJ – apresenta-se uma cena dramática: uma mulher– figura de Maria e da Igreja – sendo perseguida por um Dragão – o diabo - que quer lhe devorar o filho. A cena, porém, não é de morte, mas de vida, porque Deus intervém e coloca o filho a salvo (cf. Ap 12,13a.15-16a). Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que sejamos submergidos. Frente ao desânimo que poderia aparecer na vida, em quem trabalha na evangelização ou em quem se esforça por viver a fé como pai e mãe de família, quero dizer com força: Tenham sempre no coração esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados! Nunca percamos a esperança! Nunca deixemos que ela se apague nos nossos corações! O “dragão”, o mal, faz-se presente na nossa história, mas ele não é o mais forte. Deus é o mais forte, e Deus é a nossa esperança!
O Papa Francisco dizia ainda aos jovens na ocasião: “É verdade que hoje, mais ou menos todas as pessoas, e também os nossos jovens, experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer. Frequentemente, uma sensação de solidão e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros. Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade. Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade”.
Lembrava o Papa da sensibilidade dos jovens frente às injustiças sociais, em uma VISITA À COMUNIDADE DE VARGINHA, MANGUINHOS - RJ: “Queria dizer uma última coisa, uma última coisa. Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Hein, jovens! Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo com o bem. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, e vida em abundância» (Jo 10,10)”.
Pregava assim Francisco na Praia de Copacabana, aglomerada de milhões de jovens: “Mas o que podemos fazer? «Bote fé». A cruz da Jornada Mundial da Juventude peregrinou através do Brasil inteiro com este apelo. «Bote fé»: o que significa? Quando se prepara um bom prato e vê que falta o sal, você então "bota" o sal; falta o azeite, então «bota» o azeite... «Botar», ou seja, colocar, derramar. É assim também na nossa vida, queridos jovens: se queremos que ela tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: «bote fé» e a vida terá um sabor novo, a vida terá uma bússola que indica a direção; «bote esperança» e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; «bote amor» e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. «Bote fé», «bote esperança», «bote amor»! Todos juntos: Bote fé, bote esperança, bote amor!”.
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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