Esperança nos faz ser peregrinos
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Na Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025, o Papa Francisco explica que “não é por acaso que a peregrinação representa um elemento fundamental de todo o evento jubilar. Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida”. Neste sentido, “a peregrinação a pé favorece muito a redescoberta do valor do silêncio, do esforço, da essencialidade”.
Mas o peregrino, não é apenas aquele que caminha, mas aquele que tem um destino particular destaca Francisco, que indica: a meta do peregrino é um lugar sagrado, que o atrai, que motiva a viagem e que o sustenta no esforço. E essa meta é Jesus.
E nesse Jubileu ordinário, em particular, somos chamados a ser peregrinos de esperança, bem como nos tornarmos sinais de esperança para os outros. “A Esperança nos faz ser peregrinos” é o tema da reflexão do Pe. Gerson Schmidt*:
A peregrinação a um templo, basílica, catedral ou Igreja, é um dos propósitos importantes para esse Ano Jubilar 2025 que estamos vivenciando. Visitar uma Casa do Senhor, num lugar especial, é uma das metas. Também uma das motivações e condições para dar sentido de se receber as indulgências próprias do Ano Jubilar. Na bula da publicação do Ano Jubilar, um dos critérios fortes para as graças, é o sentido de uma peregrinação. O documento destaca que os fiéis poderão obter a Indulgência Jubilar se empreenderem uma “piedosa peregrinação” aos seguintes lugares: a qualquer lugar sagrado do Jubileu: aí participando devotamente na Santa Missa (sempre que as normas litúrgicas o permitam, poderá recorrer-se especialmente à Missa própria para o Jubileu ou à Missa votiva; em Roma: a pelo menos uma das quatro Basílicas Papais Maiores: São Pedro no Vaticano, Santíssimo Salvador em Latrão, Santa Maria Maior, São Paulo fora de Muros; na Terra Santa: a pelo menos uma das três basílicas: do Santo Sepulcro em Jerusalém, da Natividade em Belém, da Anunciação em Nazaré; noutras lugares eclesiásticas: à igreja catedral ou a outras igrejas e lugares santos designados pelo Ordinário do lugar, oe seja, o bispo da diocese ou arquidiocese.
A PEREGRINAÇÃO significa o caminhar da fé, não se deixar paralisar pelo desânimo e as dificuldades da vida, já que todo verdadeiro cristão deve ser um peregrino e caminhante a trilhar o percurso daqueles que não se deixam esmorecer. Muitos lugares santos nos levam a encontrar Deus e a graça do alto, para um movimento e momento especial de conversão e mudança.
Na Sagrada Escritura encontramos personagens a caminho e em constante peregrinação. Foi acreditando numa Palavra do alto, que Abraão se pôs a caminhar como peregrino, crendo numa promessa feita por Deus. Precisava sair de sua terra, sua parentela, para ter esperança que Deus lhe desse uma terra e uma descendência, na firmeza da promessa que Deus lhe havia feito. Os patriarcas tiveram que sair de sua comodidade para empreender um caminho da fé, creditado e prometido por Deus, que teve um plano de salvação ao Povo de Deus. Jacó teve que fugir de seu irmão Isaú e ir peregrinar por caminhos escolhidos por Deus. José do Egito foi conduzido numa caravana até o Egito, onde lá Deus tinha seu plano de salvação ao seu Povo escolhido. Moisés precisou ser instrumento de Deus para tirar o povo do Egito, depois de 400 anos, e peregrinar pelo deserto rumo à terra prometida. Foi um longo caminho de 40 anos caminhando pelo deserto, e Deus foi experimentando seu povo para amolecer seu coração de pedra e dobrar sua servis dura. A caminhada até Canaã duraria menos tempo, mas o Povo precisava passar por essa experiência de conversão e de Aliança de Amor de um Deus que tem um desígnio salvífico. O Profeta Jonas percorreu toda a cidade de Nínive para pregar a conversão. Ao profeta Elias, o Anjo disse que precisava comer porque teria um longo caminho a percorrer. Parece que Deus não quer seus escolhidos acomodados, num lugar e no sossego de sua pátria e seu cantinho próprio. O Antigo Testamento está repleto de caminhos percorridos, de estradas, de vias de salvação, que envolvem os personagens bíblicos.
O Papa Francisco refletiu sobre a temática de ser peregrino. Dentro da programação da última Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, o Sumo Pontífice encontrou-se com os jovens universitários na Universidade Católica Portuguesa (UCP), situada no centro de Lisboa. O Papa, agradecendo as palavras de acolhida, disse que "todos nos sentimos peregrinos, palavra esta cujo significado merece ser meditado". "Na imagem do peregrino, espelha-se a condição humana, pois todos somos chamados a confrontar-nos com grandes interrogativos para os quais não basta uma resposta simplista ou imediata, mas convidam a realizar uma viagem, superando-se a si mesmo, indo mais além. Trata-se de um processo que um universitário compreende bem, pois é assim que nasce a ciência. E de igual modo cresce também a busca espiritual". O ser humano está sempre em busca, em peregrinação, caminhando na conquista de metas, na direção de um ponto de chegada. E continuou dizendo assim o Papa: "peregrino é caminhar em direção a uma meta ou buscando uma meta. Há sempre o perigo de caminhar num labirinto, onde não há meta. Também não há saída. Desconfiemos das fórmulas pré-fabricadas - elas são labirínticas -, desconfiemos das respostas que parecem estar ao alcance da mão, daquelas respostas tiradas da manga como cartas de baralho; desconfiemos das propostas que parecem dar tudo sem pedir nada. Desconfiemos. A desconfiança é uma arma para poder seguir em frente e não ficar andando em círculos". "Procurar e arriscar: são os dois verbos do peregrino", sublinhou Francisco.
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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