Busca

Cookie Policy
The portal Vatican News uses technical or similar cookies to make navigation easier and guarantee the use of the services. Furthermore, technical and analysis cookies from third parties may be used. If you want to know more click here. By closing this banner you consent to the use of cookies.
I AGREE
Allegretto grazioso
Programação Podcast
Santa Missa no Domingo de Páscoa Santa Missa no Domingo de Páscoa  (Vatican Media)

Mistério sempre presente

Há uma nova realidade inaugurada pela Páscoa e vitalidade totalmente nova recriada pelo Ressuscitado, vivo e presente no meio de nós, recapitulando toda a criação. “A presença do Ressuscitado em meio a seus discípulos é fonte de vida nova, vida inaugurada pela Páscoa, pela qual a eternidade flui de volta ao tempo presente, contagiando-o de nova vitalidade”.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Ouça e compartilhe

“Aquele dia, chamado depois «domingo», «Dia do Senhor», é o dia da assembleia, da comunidade cristã que se reúne para o seu próprio culto, isto é, a Eucaristia, culto novo e distinto desde o início do judaico do sábado. (Bento XVI).”

No Regina Caeli de 5 de abril de 2012, Bento XVI recordava a centralidade do domingo na vida do cristão e como este estava diretamente vinculado diretamente à Ressurreição do Senhor: "A celebração do Dia do Senhor é uma prova muito forte da Ressurreição de Cristo, porque só um acontecimento extraordinário e perturbador podia induzir os primeiros cristãos a iniciar um culto diverso em relação ao sábado judaico":

Naquela época como hoje, o culto cristão não é só uma comemoração de acontecimentos do passado, nem sequer uma experiência mística, interior particular, mas é essencialmente um encontro com o Senhor Ressuscitado, que vive na dimensão de Deus, além do tempo e do espaço, e contudo torna-se realmente presente no meio da comunidade, fala-nos nas Sagradas Escrituras e parte para nós o Pão de vida eterna. Através destes sinais nós vivemos a mesma experiência dos discípulos, isto é, o facto de ver Jesus e ao mesmo tempo de não o reconhecer; de tocar o seu corpo, um corpo verdadeiro, e contudo livre de vínculos terrenos.

Neste contexto, e em preparação ao Ano Jubilar 2025, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje a reflexão "Mistério sempre presente":

 

"A maravilhosa Constituição Sacrosanctum Concilium que fala sobre a Sagrada Liturgia no número 106 retratou a necessidade da reforma do Ano Litúrgico e sobre a celebração do Domingo. Houve, de fato, nesse período pós-conciliar uma bonita reforma de nossa liturgia.  Muitas coisas foram reformadas, atualizadas e centralizadas, como o Mistério Pascal no enfoque de tudo, no centro de toda a liturgia da Igreja.

Diversas reformas litúrgicas foram realizadas, como a divisão das leituras bíblicas do dia, em anos A, B e C, no ciclo litúrgico, contemplando toda a Sagrada Escritura de três em três anos. Assim aponta a SC: “Devido a tradição apostólica que tem sua origem do dia mesmo da Ressurreição de Cristo, celebra cada oitavo dia pascal o Mistério Pascal. Esse dia, pois, chama-se justamente Dia do Senhor ou Domingo. Neste dia, pois, os cristãos devem reunir-se para ouvindo a Palavra de Deus e participando da Eucaristia, lembrarem-se da Paixão, Ressurreição e Glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus que os " regenerou para a viva esperança, pela Ressurreição de Jesus Cristo " (1 Pdr 1,3). Por isso, o domingo é um dia de festa primordial deve ser lembrado e inculcado à piedade dos fiéis, de modo que seja também um dia de alegria, descanso do trabalho. As outras celebrações não se lhe anteponham, a não ser que realmente sejam de máxima importância, pois que o domingo é o fundamento e o núcleo do ano litúrgico”. Traduzindo as palavras dos padres conciliares, entenda-se claramente que nenhuma celebração que não seja o Dia do Senhor, no Domingo, seja maior que essa festa de alegria de maior importância. O restante deve ficar em segundo plano, salvo exceções que as circunstâncias exigem. Mesmo a festa do padroeiro de uma comunidade, igreja ou paróquia deveria ter a direção de enfocar o Cristo Ressuscitado, mistério principal da vida cristã, para o qual o santo em destaque ofertou sua vida. O Domingo, por se tratar de um dia de alegria, na quaresma não se faz jejum. É um dia de festa, de esperança, de muito entusiasmo, pois Ele ressuscitou e nos deu Vida Nova.

Há uma nova realidade inaugurada pela Páscoa e vitalidade totalmente nova recriada pelo Ressuscitado, vivo e presente no meio de nós, recapitulando toda a criação. “A presença do Ressuscitado em meio a seus discípulos é fonte de vida nova, vida inaugurada pela Páscoa, pela qual a eternidade flui de volta ao tempo presente, contagiando-o de nova vitalidade”.

O aprofundamento oferecido pelo Dicastério da Evangelização, em proposta à preparativa do Ano Jubilar, é muito rico e denso de significado, falando do sentido do Tempo Pascal. É um tempo novo que a Igreja oferece, para sacerdotes e fiéis, terem um novo olhar para contemplar o mistério, olhos novos para enxergar a presença do Ressuscitado. Escreve-se assim com uma riqueza grandiosa: “A consciência, portanto, de que o Ressuscitado continua a viver hoje na Escritura, eu Eucaristia, nos sacramentos e na Igreja não escapa à nossa sensibilidade de cristãos, lugares onde podemos haurir a força da fé, a paciência da esperança o impulso da caridade (as três virtudes teologais aqui o autor evidencia)”. E continua o texto de autoria de Maurizio Barba: “O corpo do Ressuscitado, retirado da Cruz e colocado no sepulcro, vive agora permanentemente ao lado do homem, antes de tudo nas Escrituras, porque é Ele quem fala quando a Palavra de Deus é anunciada na Igreja. Ela, no poder do Espírito Santo, proclamada na Assembleia litúrgica, não é letra morta, mas Palavra viva que revive no Cristo Vivo. O que é a Liturgia da Palavra senão o diálogo interpessoal com o Cristo Palavra Viva? A Deus que fala, por intermédio das leituras, o povo responde com cânticos e a Ele adere com a profissão de fé. Nesse tempo Pascal, somos chamados a fazer arder o nosso coração, como os discípulos de Emaús, na escuta atenta da Palavra de Salvação. O Corpo do Ressuscitado está presente na Eucaristia: na tradução Latina, os textos do Novo Testamento indicam a presença do Ressuscitado com advérbio quotiescumque (todas as vezes): “todas as vezes que comerdes desde pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor até que ele venha” (1Cor 11,26). A missa renova o evento da Cruz ao celebrá-lo, e celebra-o ao renová-lo.

Paulo VI na Encíclica Mistério Fidei (o Mistério da Fé), quando afirma que ‘no mistério Eucarístico está representado de modo admirável o Sacrifício da Cruz consumado de uma vez por todas no Calvário (MF, n.27), usa o verbo "representar” entendido no sentido representar, ou seja, tornar novamente presente. O evento ocorreu apenas uma vez (semel), o sacramento ocorre toda vez (quotiescumque). Graças ao Sacramento da Eucaristia, tornamo-nos mistericamente contemporâneos do evento; o evento se torna presente a nós e nós ao evento[1]. Talvez ao ouvinte essas palavras sejam densas demais. Vou repetir a última ideia: Graças ao Sacramento da Eucaristia, tornamo-nos mistericamente contemporâneos do evento; o evento se torna presente a nós e nós ao evento.

O que o subsídio quer refletir? Que graças ao mistério da Missa, a Ceia do Senhor se torna presente quando nos reunimos na celebração eucarística e nós nos tornamos presente nela. O evento, o gesto ofertante de Cristo vem a nós e nós vamos até ele. Não há tempo. O passado se torna presente e nós mergulhamos nele como se fossemos um dos doze apóstolos presentes naquela quinta-feira santa, quando Jesus quis ardentemente cear com os seus. “Todas as vezes que comerdes desde pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor até que ele venha” (1Cor 11,26). É o mistério de fé e de amor, como sugere uma das três respostas do sacerdote depois da consagração, da terceira edição do Missal Romano na edição brasileira: Mistério de fé e de amor! Não há outra explicação para tamanha oferta de um Deus que vem a nós de forma tão especial.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
________________________

[1] Cadernos do Concilio 13 – Jubileu 2025 – Os tempos fortes do Ano Litúrgico – Edições CNBB, 2023, p. 31-32.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

30 abril 2024, 10:03
<Ant
Março 2025
SegTerQuaQuiSexSábDom
     12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31      
Prox>
Abril 2025
SegTerQuaQuiSexSábDom
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930