Carmela, a “senhora das flores amarelas”: todos os dias no Gemelli para o Papa
Salvatore Cernuzio - Vatican News
O buquê de rosas amarelas que ela levou ao Papa, como já havia feito uma dezena de vezes nesses 38 dias de internação, teve que ser agarrado por um guarda porque quase caiu das mãos de Carmela. Foi grande demais a emoção de sentir o olhar de Francisco sobre ela da sacada do Hospital Gemelli na manhã de domingo (23/03), em sua primeira aparição desde o início da internação, e de ouvi-lo dizer - em voz baixa -: "vejo aqui uma senhora com flores amarelas. Ela é uma pessoa boa!".
"Não sei o que dizer. Obrigada, obrigada, obrigada. Obrigada ao Senhor e ao Santo Padre. Eu não achava que era assim tão ‘vista’". Carmela Mancuso, 78 anos, conhecida por todos como “Carmelina”, ex-professora da região da Calábria, originária de Monterosso, mas em Roma há seis anos, segura-se nos braços de quem escreve e mantém a cabeça baixa. Parece as lágrimas pesam. A voz treme como a de alguém que viveu um momento “demais”. Muito além das expectativas, muito fora do alcance. "O Santo Padre deveria dar a bênção e, em vez disso, viu meu maço de rosas. Desejo a ele uma rápida recuperação e que volte como antes entre nós".
As flores como "terapia"
É provável que o Papa - que depois levou o buquê à Santa Maria Maggiore para colocá-lo aos pés do ícone da Salus Populi Romani - já tivesse notado essa senhora baixinha, de modos gentis e cabelos grisalhos agitados pelo vento, em uma das muitas Audiências Gerais de quarta-feira, onde ela sempre vai para levar flores: "para mim, são como uma terapia", disse à mídia do Vaticano. Uma cromoterapia, se preferir, que combina com as orações que ela dirige a Deus por todos os doentes. Ainda mais para o Papa.
Desde que Francisco foi internado por causa de uma pneumonia bilateral, Carmela saiu “pelo menos 10 a 12 vezes” da sua casa na região de Monteverde para pegar o trem até a parada do Hospital Gemelli. “Tive a alegria de levar flores para o Santo Padre”.
O primeiro buquê no Bambino Gesù
A primeira vez que Carmela usou flores como oração, mensagem e, de fato, terapia, foi em um hospital, o Hospital Pediátrico Bambino Gesù. "Eu costumava ir lá com frequência e havia uma menina de três meses que precisava fazer uma operação delicada. Conheci a tia em uma viagem à Divina Misericórdia (o santuário a poucos passos de São Pedro em Roma), rezamos o terço juntas e um dia ela me disse: ‘preciso ir ao Bambino Gesù agora, minha sobrinha precisa ser operada’. Ela estava toda preocupada. 'Não sei como fazer isso', ela me disse. Eu respondi: 'Vou acompanhá-la', e assim a acompanhei e a operação foi feita. Felizmente, ela conseguiu passar por isso com sucesso! Então, o primeiro pensamento foi levar flores. A partir de então, comecei a levar flores sempre como sinal de gratidão. Na verdade, toda vez que levo flores, coloco um cartão com muitas mensagens e peço uma bênção para meus parentes e amigos". E, no mês passado, também para o Papa.
A saudação da sacada do Hospital Gemelli
“Mas que emoção...”, comenta a mulher, interrompendo a história para relembrar aqueles breves segundos passados no Hospital Gemelli. "Eu acenei assim... Fiz isso com este pensamento: acenei como fiz tantas vezes na audiência e ele, o Papa, toda vez que me via ali fazia um gesto (abre os braços). Tenho muitas fotos. Hoje eu estava na primeira fila e pensei ‘vamos ver se ainda funciona’. Ele me viu. Não acredito nisso".
"Vamos rezar por ele"
Carmela Mancuso diz que nunca temeu pela vida de Francesco: "não, não, sempre. Eu sempre tive essa grande confiança quando vim para cá". Agora o Papa já saiu e está de volta a Santa Marta, mas a convalescença será longa. Portanto, ela enfatiza, não devemos parar de rezar: "vamos encorajá-lo, vamos acompanhá-lo, ele vai conseguir. Ele vai conseguir, como a criança do Hospital Pediátrico Bambino Gesù que foi curada. Ele também, com certeza".
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