Foco na História: as grandes civilizações africanas. Império de Mali
Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista
O Império de Mali
Com o declínio de Gana ocorreram diversas disputas entre estados menores que eram submissos, ao século XII. Um desses estados era formado pelo povo conhecido por sosso, de etnia Soninke. Através das armas se impuseram e alcançaram a hegemonia regional no século XIII.
O Império era composto por 12 reinos menores ligados entre si, tendo como capital a cidade Kangaba. Os mandingas que eram o povo mais forte chamavam seu território de Manden, que significa terra dos mandingas.
O Império de Mali era formado por povos presentes na região situada entre o Rio Senegal e o Rio Níger. Dentre eles, o mais importante eram os mandingas, que já eram conhecedores do islã desde o século XI. Além deles, os soninquês, fulas, sossos e bozos também fizeram parte desse império.
Após anos de guerras entre os soninquês de Gana e os almorávidas (século XI), e depois das guerras com os sossos (século XII), Mali conseguiu sua independência e adotou o islamismo. Apesar de passar por um período de crise política e econômica, conseguiu se restabelecer e, em 1235, os mandingas de Mali conquistaram o território do antigo Império de Gana, sob a liderança de Maghan Sundiata, que recebeu o título de Mansa, que na língua mandinga significa "imperador".
No domínio de Sundjata Keita, o maior representante do Império Mali, sua autoridade foi estendida sobre outras unidades políticas próximas, formando um estado unificado e hegemônico até o século XV.
Processo de expansão
Ao contrário do Império de Gana, que se preocupava mais em manter os povos dominados, a fim de controlar o comércio regional, o Império de Mali se impôs de forma centralista, estabelecendo fronteiras bem definidas e formulando leis por meio de uma assembleia chamada Gbara, composta por diversos povos do império. A aplicação da justiça era implacável, tanto que vários viajantes se referiam aos povos negros como "os que mais odeiam as injustiças - e seu imperador não perdoa ninguém que seja acusado de injusto".
Acredita-se que o Império de Mali chegou a ter a atual extensão da Europa Ocidental.
Sua hegemonia uma vasta região da África Ocidental ou África Negra, localizada abaixo do Deserto do Saara ocorreu se deve à formação de um exército poderoso, ao controle da extração do ouro e a existência de uma administração eficiente. Esses fatores fizeram do Mali um dos impérios mais bem-sucedidos do continente africano.
Mali chegou a controlar todo o comércio de ouro local, porque o ouro extraído por Mali sustentava grande parte do comércio no Mediterrâneo. Conta-se que, entre 1324 e 1325, Mansa Mussa, em peregrinação a Meca, parou para uma visita ao Cairo e teria presenteado tantas pessoas com ouro, que o valor desse metal se desvalorizou por mais de 10 anos.
Também sob o reinado de Mussa, a cidade de Timbuktu (ou Tombuctu) se tornou uma das mais ricas e importantes da região. Sua universidade era um dos maiores centros de cultura muçulmana da época, e produziu várias traduções de textos gregos que ainda circulavam nos séculos XIV e XV. A grandiosidade de Timbuktu atravessou os tempos e, no século XIX, exploradores europeus se embrenharam pelos caminhos africanos, seguindo o rio Níger, em busca da lendária cidade.
O Império de Mali entrou em decadência a partir do final do século XIV, em função das disputas políticas internas e das incursões dos tuaregues, um povo berbere do deserto, sendo conquistado, no século XV, pelos songais que até então eram dominados por Mali. Foi nesse mesmo século que os portugueses, em pleno processo de expansão marítima, conheceram o já decadente Mali.
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