Foco na História: as grandes civilizações africanas Foco na História: as grandes civilizações africanas  

Foco na História: as grandes civilizações africanas. Império de Gana

O Império de Gana foi o mais antigo Estado negro que se conhece, fundado no século IV, tendo conquistado uma grande área onde exerceu dominação política e econômica, ao sul do que hoje conhecemos por Mauritânia, Senegal e Mali.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

Durante o período que chamamos de Idade Média que classifica a História Europeia (séculos V ao XV), poderosos Estados se desenvolveram na África Ocidental e por sua enorme riqueza, tornaram-se o principal eixo de comércio entre o mar Mediterrâneo e o interior da África.

Enquanto a Europa vivia no sistema conhecido como Feudalismo, os reinos existentes na África podiam se rivalizar com qualquer uma das grandes civilizações que existiram no Oriente Médio ou Extremo Oriente. Uma dessas civilizações é hoje conhecida como Império de Gana.

Ouça e compartilhe

Império de Gana

O Império de Gana foi o mais antigo Estado negro que se conhece, fundado no século IV, tendo conquistado uma grande área onde exerceu dominação política e econômica, ao sul do que hoje conhecemos por Mauritânia, Senegal e Mali.

Inicialmente Gana era o título que se dava ao governante que atribuía sua soberania sobre os povos dominados, depois passou a denominar o império que foi se formando.

Na região localizada entre os rios Senegal e Níger, os soninquês que eram povos de origem mandê, fundaram pequenas cidades, que desde o século IV foram se unificando para resistir às guerras com povos nômades. No século VIII, a região já era conhecida como Império de Gana.

Os soninquês chamavam a região de Wagadu, mas os berberes, povos do Magreb, a chamaram de Ghana, título dado até então ao rei da região. Ghana veio a significar rei guerreiro.

O Deserto do Saara sempre dificultou o acesso dos povos do norte da África ao interior do continente. Uma viagem do Magreb, região africana banhada pelo mar Mediterrâneo, exceto o Egito) até a bacia do rio Níger poderia durar até 4 meses em pleno deserto. Dessa forma, enquanto o norte da África estava inserido no comércio entre diversos povos desde a Antiguidade, o reino de Gana, localizado na África Subsaariana, também chamada de África Negra se desenvolveu isoladamente.

Quando os árabes conquistaram o Magreb e introduziram o camelo como animal de transporte foi possível a viagem através do deserto. A partir de então, os reinos e as grandes riquezas da África Negra passaram a fazer parte do comércio internacional do Mediterrâneo.

Terra do ouro

Quando os comerciantes do norte começaram a chegar Gana já era um reino rico. Os documentos deixados pelos comerciantes árabes e berberes relatam a existência de um império extraordinário, também chamado de Terra do Ouro. Segundo Al-Bakri, um comerciante árabe de Córdoba do século XI, o rei de Gana usava túnicas bordadas a ouro, colares e pulseiras de ouro e os arreios dos cavalos e as coleiras dos cachorros do rei também eram de ouro.

A base econômica do império era o recolhimento de impostos dos povos conquistados e o comércio dos produtos que circulavam em seus domínios. Além disso atividades de subsistência como a pesca, a pecuária e a agricultura formavam parte importante de sua economia. Além de um poderoso exército, os soberanos tinham também ao seu dispor uma gama variada de funcionários.

A capital do reino era a cidade de Kumbi-Saleh e de lá o rei e seus nobres controlavam diversos povos vizinhos, que eram obrigados a pagar impostos em troca de proteção. Gana também controlava o comércio das mercadorias que eram trazidas do norte como sal e tecidos e as que saíam do interior da África como ouro e escravos. A capital que tinha por volta de 20 mil habitantes todos os dias recebia caravanas que vinham de diversas regiões.

Entre os séculos IX e X, o império de Gana viveu o seu apogeu, mas com o processo de islamização dos povos africanos o Império de Gana foi perdendo força, até que em 1076 os almorávidas, uma dinastia berbere, conquistaram e saquearam Kumbi-Saleh, transformando a cidade em um reino tributário. A partir daí, o império se fragmentou, o que possibilitou as incursões de outros povos vizinhos que passaram a controlar várias regiões do antigo império. Gana não aceitou o islamismo se transformou por certo tempo na última barreira para a entrada do Islã na região.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

19 dezembro 2025, 13:49