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Encontro sinodal nacional, em Portugal /foto Ricardo Perna Encontro sinodal nacional, em Portugal /foto Ricardo Perna  (foto Ricardo Perna)

Portugal. Sínodo: Encontro nacional refletiu sobre o Documento Final

Como concretizar a sinodalidade na vida das comunidades foi pista de reflexão. Escuta, acolhimento, acompanhamento, liderança partilhada, formação e hábitos de avaliação foram algumas das sugestões, assim como, um novo encontro para 2026. Mas não foi anunciado qualquer processo de acompanhamento nem qual a função das comissões sinodais diocesanas nesta fase.

Rui Saraiva – Portugal

Em Fátima, no Centro Paulo VI, decorreu no sábado 11 de janeiro um Encontro Sinodal nacional, promovido pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) onde estiveram presentes cerca de 300 participantes das dioceses de Portugal. Foram divididos em 36 grupos que mantiveram encontros ao longo do dia.

A iniciativa teve como objetivo refletir sobre o Documento Final da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos e sobre a sua aplicação prática nas comunidades, refere a Agência Ecclesia.

Destinado aos membros das comissões sinodais diocesanas e dos conselhos pastorais de cada diocese, este encontro contou também com a presença dos bispos de Portugal.

Refletir em grupo e partilhar

Este evento sinodal foi organizado pela Equipa Sinodal da CEP que lançou um apelo à construção de uma nova cultura de inclusão e avaliação nas comunidades católicas.

“Criar espaços específicos para ouvir todas as pessoas, especialmente, as pessoas com deficiência e os grupos marginalizados” foi uma das propostas deixadas na apresentação a cargo de Carmo Rodeia, da Diocese de Angra, e do padre Eduardo Duque, da Arquidiocese de Braga, ambos membros da Equipa Sinodal, sublinha a Agência Ecclesia.

Os participantes neste encontro foram convidados a refletir em grupo e a partilhar em plenário ressonâncias do Documento Final do Sínodo. Durante a tarde, tentando seguir o ritmo da conversação no Espírito, o trabalho foi responder à questão: Como concretizar a sinodalidade na vida das comunidades?

Segundo informa a Agência Ecclesia, os vários grupos deixaram sugestões tais como a de alargar os espaços de escuta e participação que visem uma “liderança partilhada, próxima e criativa”. Destacaram também a dinamização dos conselhos pastorais como forma de “potenciar as estruturas de sinodalidade existentes”, dando maior representatividade aos vários membros da comunidade.

Os grupos apontaram também as áreas do acompanhamento e acolhimento como prioridades para as comunidades católicas, pedindo ainda mudanças nos “modelos de formação”, em particular, nos seminários. Especial referência à valorização do método sinodal, em particular, a “conversação no Espírito” nos vários níveis da vida da Igreja.

O Encontro Sinodal destacou a necessidade de “criar hábitos sistemáticos de avaliação nas comunidades”, com a ajuda de grupos de trabalho, para superar a “pastoral de manutenção”. A valorização das famílias e a criação de “novas formas de agir” foram outras das medidas de “concretização” da sinodalidade.

O discurso de abertura foi feito por D. José Ornelas, presidente da CEP. “Este documento pode e deve mudar as nossas comunidades, mudar a vida da nossa Igreja em Portugal e no mundo”, referiu o bispo de Leiria-Fátima, na abertura dos trabalhos.

O encontro foi encerrado por D. Virgílio Antunes, vice-presidente da CEP, que destacou o grande número de participantes no evento. “Para mim, para todos, é um sinal evidente de que estamos desejosos de dar continuidade a este processo de sinodalidade e que percebemos o seu alcance”, referiu o bispo de Coimbra.

No final foi sugerido que este encontro nacional se repita em 2026, assinala a Agência Ecclesia. No entanto, não foi anunciado qualquer processo de acompanhamento nem qual a função das comissões sinodais diocesanas nesta fase.

Aplicar em processo e com as comissões sinodais?

Recordemos que em recente entrevista à Rede Sinodal em Portugal, realizada em parceria com oito meios de comunicação social, o especialista em sinodalidade, padre Sérgio Leal, sublinhou a importância de que o processo de aplicação passasse pelas comissões sinodais diocesanas. Um “processo de aplicação” que “tivesse a mesma amplitude que teve o processo de escuta”, disse o sacerdote português numa entrevista também transmitida aqui pela Rádio Vaticano e pelo portal Vatican News.

“E eu diria, porque já o disse antes, durante o processo sinodal, de que gostaria que este processo de aplicação tivesse a mesma amplitude que teve o processo de escuta. Agora já não para levantar e fazer um diagnóstico da realidade, mas aplicar, tornar operativo, tornar operativos todos estes desafios, mas optando pelo mesmo pela mesma metodologia. Portanto, voltar às comissões sinodais diocesanas, às comissões paroquiais. Isto é, voltar aqui, voltar à base, como temos dito, voltar às bases e a partir daí, gerar um processo de discernimento localizado onde a pergunta fundamental há de ser esta: o que é que o Espírito Santo nos está a pedir aqui agora. E este aqui agora evita-nos um saudosismo do passado, de um passado, porventura que nunca existiu. Por isso é que às vezes, existem tantos saudosos dele. Mas pensarmos e repensarmos a ação eclesial, à luz do aqui agora neste lugar concreto e neste tempo que o Senhor nos chama a viver. Os homens e mulheres de hoje não são menos capazes de Deus que os homens e mulheres do passado”, refere o padre Sérgio Leal nessa entrevista.

O tempo agora é de receção e aplicação das conclusões do Sínodo. Mesmo em tempo de Jubileu. O ritmo intenso da vida pastoral durante o Ano Santo de 2025 poderá ajudar ao desenvolvimento de um trabalho coletivo de reflexão e renovação das comunidades que inicie ou consolide processos sinodais nas dioceses.

Laudetur Iesus Christus

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14 janeiro 2025, 11:51