Busca

Cookie Policy
The portal Vatican News uses technical or similar cookies to make navigation easier and guarantee the use of the services. Furthermore, technical and analysis cookies from third parties may be used. If you want to know more click here. By closing this banner you consent to the use of cookies.
I AGREE
Allegro molto
Programação Podcast
Mobilização dos cristãos em Faisalabad no protesto com as violências. (EPA/Shahzaib Akber) Mobilização dos cristãos em Faisalabad no protesto com as violências. (EPA/Shahzaib Akber)  (ANSA)

A solidariedade e o pedido de perdão de líderes muçulmanos aos cristãos de Jaranwala

Uma suposta acusação de blasfêmia desencadeou uma onda violência incitada por extremistas. O rastro de destruição, com igrejas e casas de cristãos queimadas, causou indignação no país de maioria muçulmana, cujos líderes, quer sunitas como xiitas, visitaram o local dos ataques, consolando as famílias e prometendo ajuda material na educação dos filhos e na reconstrução das igrejas. Um gesto fruto de anos de trabalho de diálogo inter-religioso.

No contexto da violência contra os cristãos em Jaranwala, localidade no Punjab paquistanês onde casas e igrejas foram incendiadas, “aconteceu algo impensável até poucos anos atrás, que testemunha os bons frutos dados pelo trabalho paciente de proximidade, amizade, relação e diálogo inter-religioso que iniciamos em Punjab, em Lahore e em outras dioceses", comenta à Agência Fides o arcebispo de Lahore, Dom Sebastian Shaw, que esteve em Jaranwala nestes dias em companhia de líderes muçulmanos.

Cenário de destruição comove lideranças muçulmanas

 

“Acompanhei três diferentes delegações de líderes muçulmanos – afirma o arcebispo – com os quais estabelecemos boas relações e com quem partilhamos um caminho constante de encontro e diálogo. Eram sunitas e xiitas, de diferentes escolas de pensamento islâmico. Todos fizeram questão de ir até lá, queriam ver com os próprios olhos. Muitos deles ficaram comovidos, todos demonstraram solidariedade e proximidade humana às famílias cristãs aterrorizadas pela violência, rezaram conosco, estenderam as mãos e consolaram o povo, que os acolheu gentilmente, apreciando tais gestos. Para nós aqui no Paquistão, são gestos de grande importância porque contribuem para a mudança de cultura e mentalidade, também pela cobertura mediática que tiveram".

Em uma das três delegações estava Abdul Kabir Azad, imã da mesquita real de Lahore, a maior e mais importante do Paquistão: “É um homem muito conhecido pelo serviço que presta. Ouvir suas palavras de firme condenação do ocorrido – observa Dom Shaw – é encorajador e traz esperança. Kabir Azad e os outros líderes disseram com força e clareza que a violência contra pessoas inocentes não é um ensinamento do Islão, é execrável e não deve ser justificada com a religião”.

Em outra delegação, relata o arcebispo, “estava Tahir Mehmood Ashrafi, um importante clérigo paquistanês, chefe do All Pakistan Ulema Council, um órgão muito influente a nível religioso e político. Ahrafi ficou comovido, a ponto de derramar lágrimas. Em nome de todos os muçulmanos no Paquistão, ele pediu perdão aos cristãos. Fê-lo em privado, falando com as pessoas que encontrava, e fê-lo publicamente, na conferência perante todos os meios de comunicação social, que filmaram e transmitiram suas palavras, em benefício de todo o público. Apreciamos muito as suas palavras, acolhemo-las com amizade”, afirma Dom Shaw.

Solidariedade concreta

 

E o prelado acrescenta: "Fiquei muito impressionado ao ouvir os líderes muçulmanos dizerem às mães cristãs que choravam: 'Seus filhos são nossos filhos. Vocês não devem se preocupar. Nós cuidaremos deles'. A solidariedade não foi apenas verbal mas concreta: os líderes islâmicos tratarão de cobrir os custos da educação das crianças das famílias afetadas pela violência em Jaranwala, dando bolsas de estudo para a sua escolarização até à faculdade. É realmente notável, isso demonstra disposição sincera, proximidade e boa vontade por parte daqueles que discordam das formas de violência intercomunitária, e dos imãs muçulmanos que a instigaram, promovendo o ódio e a violência religiosa”, afirma.

Reconstrução das igrejas destruídas

 

Também foi dada especial atenção às igrejas destruídas: "Os líderes muçulmanos chamaram pelo nome a violência contra as igrejas, ou seja, profanação e blasfêmia, observando que o profeta Maomé condena toda violência contra símbolos religiosos. Eles nos ajudarão a reconstruir, juntamente com as instituições civis, como está fazendo prontamente o governo de Punjab pelas igrejas destruídas em Jaranwala".

Lideranças políticas condenaram violência: contra os ensinamentos do Islã

 

O arcebispo de Lahore também aprecia as palavras e ações de lideranças de partidos políticos islâmicos, como o senador Siraj ul-Haq, chefe do Paquistão Jamaat-e-Islami (JI), o principal partido religioso do país: a organização dedicada à JI agência de assistência social afiliada, a Fundação Al-Khidmat, comprometeu-se a ajudar a reconstruir casas cristãs danificadas.

A este respeito, Dom Shaw Shaw recorda que “tanto nas primeiras horas após os acontecimentos como numa reunião de 25 de agosto, o senador Siraj-ul-Haq, expressando toda a sua amargura, sublinhou que atear fogo a igrejas e casas em resposta a um caso de suposta blasfêmia é contra os ensinamentos do Islã. Ele observou que o seu partido JI acredita nos princípios do respeito pela humanidade, tolerância e coexistência pacífica, e apela a que os autores da violência sejam punidos de acordo com a lei".

"Caravana da paz"

 

O partido islâmico JI anunciou que em setembro irá convocar uma convenção nacional, incluindo as minorias religiosas do Paquistão, para levar a cabo a iniciativa "Caravana da Paz", sublinhando que "o Paquistão pertence a todos os seus cidadãos, que viverão juntos e protegerão a vida e a propriedade um do outro. Queremos transmitir a mensagem de que o Paquistão é o lar de todas as religiões e que o seu futuro próspero depende da paz. Quem destrói a paz do país é inimigo da nação”, disse Siraj-ul-Haq. O líder também promoveu, a nível político, a criação de uma Comissão Nacional dedicado aos assuntos das minorias, com o objectivo de salvaguardar os direitos dos grupos hindus, cristãos, sikhs e outros grupos religiosos.

Cristãos e muçuçulmanos devem permanecer unidos

 

O arcebispo de Lahore assim conclui: “Esta renovada atitude de proximidade e solidariedade não é casual, mas é o resultado de um longo e paciente compromisso no campo do diálogo inter-religioso, que realizamos há pelo menos 15 anos. Dissemos aos líderes muçulmanos que é essencial continuar neste caminho. Dizemos-lhes frequentemente que os cristãos no Paquistão, uma pequena comunidade, respeitam o Islã e todos os símbolos religiosos e não têm motivos para ofender o Islão, o Profeta ou o Alcorão. Eles admitiram que as alegações de blasfêmia estão sendo fabricadas por diferentes razões, por disputas pessoais. Cristãos e muçulmanos no Paquistão devem permanecer unidos no enfrentamento destes desafios e destas questões. O diálogo e a unidade são as formas de trazer melhorias efetivas nesta situação, para evitar graves episódios de violência se repitam, para proporcionar benefícios reais de convivência em toda a sociedade".

*Agência Fides

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

28 agosto 2023, 12:17
<Ant
Abril 2025
SegTerQuaQuiSexSábDom
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930    
Prox>
Maio 2025
SegTerQuaQuiSexSábDom
   1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031