Busca

Cookie Policy
The portal Vatican News uses technical or similar cookies to make navigation easier and guarantee the use of the services. Furthermore, technical and analysis cookies from third parties may be used. If you want to know more click here. By closing this banner you consent to the use of cookies.
I AGREE
Allegretto
Programação Podcast
O Papa Francisco em Mosul, no Iraque, na Oração em sufrágio pelas vítimas da guerra - 07.03.2021 (Vatican Media) O Papa Francisco em Mosul, no Iraque, na Oração em sufrágio pelas vítimas da guerra - 07.03.2021 (Vatican Media)

Iraque. Patriarca Sako: o caminho a seguir é o perdão e a reconciliação

Um mês após a histórica visita apostólica do Papa Francisco ao Iraque, o jornal vaticano "L'Osservatore Romano" publica uma entrevista com o patriarca de Babilônia dos Caldeus. O cardeal Louis Raphaël I Sako relata o que mudou no País do Golfo graças aos gestos e palavras do Santo Padre e descreve o compromisso da Igreja Católica local com um futuro de paz

Francesco Ricupero – Vatican News

Ouça e compartilhe

"A fraternidade e a diversidade são a base humana e moral fundamental para a convivência": o patriarca de Babilônia dos Caldeus, cardeal Louis Raphaël I Sako, está convencido disso, e nesta entrevista ao "L'Osservatore Romano" recorda com alegria e gratidão a viagem do Papa Francisco ao Iraque.

Apenas um mês se passou desde a visita apostólica, feita em um momento histórico particular marcado pela emergência de saúde. Um gesto quase inesperado. O que a presença do Pontífice significou para o senhor e para os cristãos iraquianos?

Eu sabia que o Santo Padre queria visitar o Iraque, mas sinceramente não o esperava neste momento em particular, dada a situação incerta causada pela pandemia. Sua determinação foi uma surpresa.  O Santo Padre tem o carisma de surpreender.  Penso que ele sentiu em seu coração de pastor a necessidade de vir trazer conforto e esperança para os iraquianos que tanto sofreram.  Portanto, fez muito bem. Que alegria sua visita! O Papa impressionou a todos: cristãos e muçulmanos.  O Iraque, durante sua estada, foi um pequeno paraíso, depois de tanto inferno, e esperamos que seja sempre assim!

Em várias ocasiões, o senhor enfatizou a necessidade de um Estado secular que permita a liberdade de culto. O senhor pensa que isso é realizável no Iraque? E quanto tempo ainda será necessário esperar?

Acredito que um regime secular, baseado unicamente na cidadania e não na religião, é a solução. Os países do Oriente Médio não terão futuro sem a separação entre religião e Estado. São duas coisas diferentes. Num estado secular, você pode ser muçulmano ou cristão, pode ir à mesquita ou à igreja, jejuar e administrar sua vida de acordo com suas convicções, e o Estado não tem o direito de impedi-lo... nem pode forçá-lo a fazer isso. Assim como não pode impedi-lo ou forçá-lo a tornar-se religioso. Não terá sua mão cortada se roubar, e não irá para a cadeia se quebrar seu jejum durante o Ramadã. O Estado não o castigará se você escolher esta ou aquela religião. O Iraque está pronto para ser secular e os jovens estão se manifestando reivindicando pátria e igualdade. O sectarismo no Iraque foi criado de propósito após a queda do antigo regime.

O que a Igreja caldeia está fazendo para convencer os cristãos a voltar para a pátria após a perseguição do chamado Estado Islâmico?

O retorno dos cristãos é dever do governo iraquiano e isso será possível quando as condições forem favoráveis e a segurança, estabilidade e serviços estiverem garantidos. Os cristãos e outras minorias serão encorajados a retornar à sua terra de origem. A meu ver, este é um projeto de longo prazo.

Em uma mensagem recente, o senhor convidou os iraquianos a virar a página e começar um novo caminho. O senhor acredita que a visita do Papa pode contribuir para uma mudança no país?

Uma certa mentalidade tribal impregnada de vingança e justiça deve mudar. Aquele que perdoa é mais forte do que aquele que se vinga. É preciso perdoar e reconciliar para o bem comum, como fez Nelson Mandela na África do Sul. Uma nova cultura aberta, que respeite a diversidade, é necessária para progredir. O Papa falou da fraternidade humana e também espiritual, é necessário respeitar a diversidade e colaborar para um mundo melhor, com mais paz e dignidade.

O que é necessário para facilitar a coexistência harmoniosa entre as religiões? O senhor está convencido de que muçulmanos e cristãos podem viver juntos apesar das feridas infligidas pelos fundamentalistas?

Nós cristãos temos uma vocação: devemos ajudar os outros a se abrirem, devemos estar prontos, corajosos e não ter medo. Como pastor, repito que a Igreja tem o dever de tornar a fé explícita de uma maneira clara. O diálogo e o respeito são necessários. Unidade não significa uniformidade. O Papa no Iraque falou várias vezes de fraternidade e diversidade. Suas palavras brotadas da fé e de seu coração com simplicidade e espontaneidade mudaram a mentalidade do povo. Agora há um grande respeito, mas os líderes políticos também devem mudar.

Quão decisivo pode ser o apoio dos católicos e da comunidade internacional no estabelecimento de um clima de paz e serenidade?

O Papa Francisco delineou uma carta magna durante seus encontros e com suas palavras, e agora cabe a nós colocá-la em prática. O governo iraquiano constituiu um comitê imediatamente após a visita apostólica, assim como a Igreja caldeia. Temos confiança e esperança.

Como é possível fortalecer a fraternidade em um país atormentado por confrontos armados e violências?

Nós cristãos formados com o perdão temos um papel capital: perdoar, precisamente. Reconciliar-se e construir a confiança são temas essenciais para a coexistência política. O povo simples está pronto para mudar, mas repito que o grande obstáculo são os políticos que tentam cuidar de seus próprios interesses, como reiterou também o aiatolá Al-Sistani durante o encontro com Francisco.

O que a Igreja no Iraque irá fazer concretamente no futuro próximo?

Trabalharemos sobre quatro objetivos: estabelecer programas educacionais e didáticos de modo a fortalecer a fraternidade entre iraquianos e sua unidade nacional; organizar eventos para conscientizar os iraquianos de sua diversidade através de seminários, conferências e programas de televisão dedicados às civilizações, culturas e religiões, a fim de mostrar os pontos em comum, aprofundando-os e respeitando suas particularidades, pois o que nos une é muito mais do que o que nos divide; criar um centro nacional que inclua salas de aula e uma biblioteca especializada nos temas do diálogo inter-religioso; por fim, ativar o código penal iraquiano (n. 111 de 1969) e seus artigos que nos obrigam a proteger os lugares santos e a prevenir ofensas contra as religiões e seus símbolos, punindo os agressores.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

09 abril 2021, 12:33
<Ant
Março 2025
SegTerQuaQuiSexSábDom
     12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31      
Prox>
Abril 2025
SegTerQuaQuiSexSábDom
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930