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George Weah George Weah  (AFP or licensors)

Libéria - Uma nova fase presidencial num clima de paz

“O meu partido perdeu, mas a Libéria ganhou”, com esta frase no final das eleições presidenciais, George Weah salvou a Libéria dum novo conflito, podendo o país entrar agora numa nova fase de enfrentamento dos desafios económicos, sociais e de reconciliação.

Vatican News

A República da Libéria tem desde o passado dia 20 de novembro de 2023 um novo Presidente. Trata-se de Joseph Nyuma Boakai, de 78 anos, antigo Vice-Presidente que, no segundo turno das eleições, superou o Presidente cessante, George Weah. Este, obteve 49,36% dos votos, enquanto que Boakai, obteve 50,64%. Uma diferença mínima que tinha sido ainda menor na primeira volta das eleições: 43,8% (Weah) e 43,4% (Boakai).

Joseph Nyuma Boakai - novo Presidente da Libéria
Joseph Nyuma Boakai - novo Presidente da Libéria

A eleição, há seis anos, de George Weah, primeiro futebolista africano a ganhar a Bola de Ouro, um rosto bem conhecido entre os liberianos, mas neófito na política, suscitou grandes esperanças de mudança num país que ainda está a procurar sair de um período muito difícil, marcado por duas guerras civis consecutivas e pela epidemia de Ébola de 2014-2016.

Prevaleceu o bom senso

O povo liberiano apresenta-se assim um bocado dividido quanto a esta mudança na chefia do Estado. Segundo o P. Lorenzo Snider, da Sociedade das Missões Africanas, pároco de São João Vianney, em Foya, citado pela Agência Fides, a memória da guerra civil está ainda viva e temia-se o risco de conflitos ligadas aos resultados eleitorais, mas felizmente, de forma geral, prevaleceu o bom senso. Com a contagem quase concluída, o Presidente cessante George Weah disse: "O meu partido perdeu, mas a Libéria ganhou" e emitiu declarações de distensão de que Boakai fez eco. Antes de mais, ele agradeceu ao antigo presidente e depois afirmou que o facto de ele ter admitido a derrota impediu que se voltasse às armas.

“As declarações do Presidente Weah – disse ainda o P. Lorenzo – foram mais que providenciais e oportunas, a verdadeira pedra angular da paz. Com um antes e um depois. Primeiro o medo e a tensão, depois os cenários mudaram radicalmente, vários líderes governamentais e da oposição alinharam-se com ele, a linguagem mudou e há um ar de paz no país. Agora - continuou - abre-se o vasto campo da reconciliação no qual teremos de trabalhar, especialmente a nível local e comunitário.

Desafios a enfrentar

Terminadas as celebrações, o novo Presidente terá de enfrentar uma série de desafios bastante complicados num dos países mais empobrecidos da África Ocidental, embora haja algum crescimento económico. “No programa eleitoral de Boakai - relata o missionário - há áreas prioritárias que provavelmente representam os desafios mais urgentes do país: estabilidade macroeconómica e infra-estruturas, a reforma do sistema de saúde, a educação, a luta contra a corrupção, o desenvolvimento da agricultura, a boa governação, a luta contra a desigualdade de género e a proteção dos menores.

Para o P. Lorenzo, o desafio a longo prazo é acompanhar a Libéria num caminho de desenvolvimento integral que não deixe nenhuma faixa da população para trás e proteja o ambiente.

Em relação ao medo que havia de que as eleições desembocassem num novo conflito, e nos rastos dos conflitos precedentes, o P. Lorenzo recorda que em 2005 foi criada a Comissão da Verdade e Reconciliação; trabalhou até 2011 e produziu um relatório detalhado dos fatos e responsabilidades, com propostas de ações a seguir. Mas, segundo muitos observadores - refere - o relatório foi largamente ignorado e não teve muito impacto real. As crueldades da guerra estão, portanto, vivas nas pessoas com mais de 30 anos de idade. Embora a capacidade de resiliência das pessoas seja extraordinária, muitos sofrimentos e dramas ainda não foram ouvidos e isso gera frustração e feridas internas que continuam a sangrar - afirma.

Comunidade católica minoritária

Durante a campanha eleitoral, relatam, segundo a FIDES, os missionários – a Igreja Católica “manteve sempre uma posição neutra, claramente sempre inclinada à paz, ao diálogo”.

Minoritária, num país de maioria protestante e pentecostal, a Igreja católica na Libéria tem uma história de enraizamento na sociedade e figuras que no passado foram de grande referência para toda a população, como a do Arcebispo de Monróvia, Michael Francis, que viveu entre 1936 e 2013. “É uma comunidade que sofre e espera com e como toda a população do país. 

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